17/10/2014
Negócios de fusões aguardam fim das eleições.

A menos de dez dias das eleições, os negócios de fusões e aquisições estão em compasso de espera. O resultado das urnas, porém, deve ter pouco impacto nas decisões dos investidores, que estão mais preocupados com as perspectivas de longo prazo da economia brasileira, segundo especialistas.

Para Leonardo Cabral, diretor de fusões e aquisições do Credit Suisse, é natural que compradores e vendedores aguardem mais algumas semanas antes de fechar negócio. "Mas desde que não haja uma mudança relevante na orientação do próximo governo, o cenário eleitoral não influencia [as operações]", diz.

As empresas que atuam nos setores ligados à infraestrutura devem ser um dos alvos potenciais de aquisições no próximo ano, afirma o executivo. Ele destaca a maior presença de investidores de longo prazo no país, como os fundos soberanos - que contam com recursos de governos internacionais.

Por outro lado, as empresas de consumo devem ter um ano mais difícil em meio ao ajuste na economia esperado para 2015. "Nesse setor, a redução do gap [diferença] entre os preços de compra e venda ainda não aconteceu", diz Cabral, que participou ontem de evento sobre fusões e aquisições, em São Paulo.

O resultado da eleição terá pouca influência nos processos de fusões e aquisições, mas os negócios devem se concentrar em setores menos sujeitos à regulação oficial, afirma José Antônio Miguel Neto, sócio do escritório Miguel Neto Advogados. "O investidor estrangeiro tem 'governofobia'", afirma.

Na avaliação de gestores de fundos de private equity, que investem na compra de participações em empresas, o mercado brasileiro oferece hoje mais oportunidades do que em anos anteriores, apesar do momento de maior volatilidade nos mercados e do fraco desempenho da economia. "Quem conhece o Brasil de verdade, e não acompanha apenas as notícias pelos jornais internacionais, está hoje mais otimista com o país", afirma Eduardo Samara, diretor da firma americana General Atlantic.

Embora veja a oscilação cambial e alta dos juros como um problema, Samara diz que as condições de mercado não devem inviabilizar os negócios. "Empresa boa não se encontra a toda hora, então se você acha oportunidade tem que fazer", diz. A General Atlantic participa como "investidor âncora" da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Ourofino, o primeiro deste ano e cuja definição de preço está prevista para hoje. Samara, porém, não comentou o assunto.

Mesmo com a piora da atividade econômica, a maior parte dos investidores estrangeiros não demonstra preocupação com o país, segundo Frederico Greve, sócio da DGF Investimentos. "Nossos investidores estão mais interessados no resultado das companhias que compõem o nosso portfólio", afirma.

Para Eduardo Farhat, responsável pelo escritório brasileiro da Darby Overseas, as condições econômicas do país ainda são boas, mas precisam passar por ajuste. "O Brasil não é à prova de balas", diz, ao prever que 2015 será um ano "duro". O mercado brasileiro de private equity avançou muito nos últimos anos, mas ainda se encontra em um estágio "semimaduro", segundo Fernando Gentil, responsável pela área na G5 Evercore. O executivo avalia que o país precisa superar obstáculos como a falta de um mercado para aberturas de capital de empresas de menor porte, ao contrário de países como a Índia.

Fonte: Valor Econômico

 
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