29/08/2013
Franquia, sempre um bom negocio?
O sucesso do modelo de franquias no Brasil é inegável. Todos os anos cresce a quantidade de oferta de produtos e serviços franqueados e novos modelos são formatados e inseridos no mercado.

Também é fato que o momento econômico atual, de desaceleração, freia o impulso que foi dado a este setor nos últimos anos, mas mesmo assim, continuamos verificando crescimento real no mercado de franquias.

No entanto, cabe perguntar: a franquia é sempre um bom negócio tanto para quem quer expandir quanto para quem quer apenas investir?

Embora seja realmente uma parceria com mais pontos positivos do que negativos, não se trata de uma fórmula “mágica”. É necessário entender e avaliar alguns pontos muito importantes antes de iniciar o processo de expansão por meio de franquia e também antes de investir alto num negócio por franquia.

Isso porque, o ambiente comercial no qual se opera uma unidade franqueada é árido e bastante agressivo, sem contar com a grande maioria de negócios que em verdade não são franquias de produtos ou serviços, mas meras “marcas” vendidas sob o rótulo da franquia e que não trazem nenhum conteúdo de suporte que de fato confira ao franqueado a diminuição do risco do negócio que ele pretende quando procura e paga por uma estrutura de franquia.

Em linhas gerais, o contrato de franquia, ou sistema de franquia, estabelece entre as partes uma relação de parceria na utilização de uma marca (cessão de direito de uso) acrescida de uma metodologia de produção ou prestação de serviços (transferência de know-how), por meio da qual o franqueador oferece sua marca, infraestrutura e conhecimento do negócio ao franqueado, que, por sua vez, investe e trabalha na franquia e paga parte do faturamento ao franqueador sob a forma de royalties.

A questão central do sistema de franquia é justamente o franqueamento que pode ser utilizado em praticamente todos os segmentos de distribuição de bens e de prestação de serviços. Por um lado favorece o crescimento de uma empresa, sem a necessidade de investimento direto por parte do seu empreendedor (proprietário), bem como proporciona ao franqueado uma real diminuição no risco inerente a qualquer investimento, uma vez que o negócio em que irá investir já se encontra consolidado, desenvolvido até certo ponto e testado, com clientela e posicionamento já estabelecidos.

O sistema de franquia, portanto, consiste numa relação de cunho econômico/empresarial em que o franqueador (detentor da marca e do procedimento) concede os seus direitos ao franqueado (autorizado a explorar a marca dentro de rigorosos limites e padrões), mediante o pagamento de uma verba previamente acordada em contrato.

Por meio desse contrato o franqueador pode utilizar a marca e tudo aquilo que a ela está vinculado (produtos, serviços e infraestruturas). As vantagens que resultam desse acordo devem beneficiar a ambas as partes, pois o franqueado deve usufruir da reputação já alcançada pela marca sem ter a preocupação e o risco de iniciar o seu próprio negócio.

Já o franqueador consegue expandir o seu negócio como queira, sem encargos, recebendo o pagamento pela concessão dos direitos.

Esse conceito é a introdução de uma série de artigos sobre o tema franquias que serão divulgados no site da Zanetti e Paes de Barros nas próximas semanas, iniciando hoje com o tema: O Franqueador.

O empresário que teve uma boa idéia, desenvolveu desde o início um produto ou serviço, encontrou para esse produto ou serviço o público alvo correto, conseguiu se comunicar com esse público e transmitir a mensagem da necessidade e dos benefícios desse produto ou serviço, deu a ele uma “cara” e um “motivo”, divulgou e fez sucesso certamente tem em mãos uma excelente oportunidade de crescer e quer expandir seu negocio para obter lucro.

Mas crescer, no ambiente empresarial, não é um fato espontâneo como na natureza, de um modo geral. Crescer como empresário significa investir, preparar e planejar.

Não basta fazer sucesso. Crescer empresarialmente pressupõe desenvolver métodos de sustentação desse crescimento.

A idéia de crescer por meio do sistema de franquia é atrativa porque basicamente o investimento financeiro é, em tese, bem menor (para o franqueador) e a responsabilidade pela operação dos novos estabelecimentos é transferida para o franqueado, certo? Em termos.

O franqueador deve ter em mente que desenvolver franquia para crescer não é apenas desenvolver a identidade visual da marca. O franqueador deverá oferecer de fato e comprovadamente ao franqueado um sistema de franquia, multidisciplinar, que oriente, que permita treinamento e avaliação constantes e que, em última instância, tem o objetivo de MINIMIZAR O RISCO DO NEGOCIO PARA O FRANQUEADO.

Se o franqueador não conseguir oferecer esse sistema ao franqueado, se não investir na formatação desse sistema de maneira técnica e muito bem estruturada correrá o risco de ser responsabilizado pelo insucesso do negocio do franqueado e então a vantagem da expansão sem investimento indireto se esvazia e ainda gera o passivo de eventual indenização ao franqueado.

Mais que isso, um franqueado insatisfeito ou mal orientado, pode comprometer o bem maior do franqueador que é justamente a reputação da sua marca e assim, prejudicar a toda a rede e fazer refletir a responsabilidade do franqueador ao grupo.

Assim sendo, expandir negócios por franquia é sim um excelente negócio, mas essa decisão deve ser, desde o primeiro momento, muito profissional.

Mesmo que as insistentes propostas de candidatos a franqueados sejam de fato tentadoras, antes de um bom processo de formatação da franquia nenhum passo deve ser dado nesse sentido.

No próximo artigo, será apresentado um resumo do processo de formatação de uma franquia.

Vanessa Gramani, associada ao escritório Zanetti e Paes de Barros Advogados Associados, responsável pelo departamento especializado em Franquias e Contratos de Shopping Center.
 
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