09/03/2015
Mudança das famílias brasileiras cria seis potenciais nichos para as vendas.

O aumento da renda que levou os primeiros jovens das famílias para uma universidade, a demanda de clientes da geração Y, a elite emergente e a formação de casais homoafetivos são exemplos que devem ser analisados por empresas como importantes oportunidades de novos negócios.

 

O Brasil, nas últimas duas décadas, passou por um processo de transformação que possibilitou a entrada de novos perfis de consumidores. Na opinião do sócio da empresa de pesquisa Consumoteca, Michel Alcoforado, micro e pequenas empresas têm de se adaptar ao cenário.

 

Para o especialista, as MPEs têm de atender ao máximo esses consumidores, afinal a competição é complexa. "Os líderes no varejo podem estar mais preparados para várias coisas, mas têm dificuldade em ter produtos para nichos específicos. Aí o pequeno empresário deve ficar alerta e personalizar a atuação, ao se aproximar da clientela", afirmou.

 

A Consumoteca realizou um estudo no ano passado que identificou novos modelos de famílias no Brasil. Alcoforado ressaltou que os perfis estão relacionados ao processo de transformação social e econômica, com casamentos tardios e maior planejamento para ter filhos.

 

"A taxa de natalidade vive caindo, sem falar dos casais que primeiro optam por ter um cachorro ou gato e os consideram membros da família. Há uma série de serviços e produtos atrelados aos novos consumidores".

 

Anseios

 

Conforme o sócio, oportunidades surgem a cada dia porque é preciso criar soluções para responder aos anseios dos clientes, seja em época de crise ou não. Ele ainda lembra que o Brasil passou a contar na última década com um movimento forte do grupo de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais e isso tem se refletido em novelas, feiras e eventos. "Vivemos um momento em que esses casais se tornaram novas famílias e querem alternativas que reforcem a igualdade. Na verdade, eles querem apenas passar pelos trâmites vivenciados por qualquer outro casal."

 

Ainda na pirâmide social, a Consumoteca aponta os novos avós com comportamento curioso. "Eles renunciam a imagem de vovôs dispostos apenas a levar os netos para passear. Como têm dinheiro e se mantêm ativos no trabalho, colaboram financeiramente com a educação dos netos, mas querem manter uma vida ativa, com mais passeios e viagens."

 

Ajuste de renda

 

A respeito dos novos universitários, a pesquisa aponta que são fruto do ajuste de renda, pois são os primeiros membros da família a entrar no ensino superior. "Uma entrevistada contou que seu pai é torneiro mecânico e a mãe empregada doméstica. O pai era provedor da família e ganhava R$ 2.500. Ao se formar em farmácia, a filha passou a ganhar R$ 6 mil e foi a primeira a andar de avião. Agora leva os pais para viajar junto."

 

O uso de smartphones e internet também mudou o panorama brasileiro, disse Roberto Liberato, diretor de estratégia da Expertise, empresa de inteligência de mercado. Segundo ele, os hábitos de consumo têm se transformado também por conta da geração Y, de jovens que nascem na era digital e não vivem sem tecnologia.

 

"A internet, os aplicativos e as redes sociais possibilitam uma quantidade enorme de informações sobre produtos, serviços e promoções e os consumidores se utilizam disso antes de realizar uma compra".

 

Liberato lembrou que o conceito de funil de vendas tem mudado, pois o consumidor tem contato direto com a marca e a concorrência fica acirrada no processo de decisão da compra. "E quando há insatisfação com algum produto ou serviço, a população em geral utiliza do poder das redes sociais, blogs e sessões de comentários de sites para fazer reclamação, que geralmente se propagam rapidamente".

 

Para o executivo, a presença on-line das marcas deve ser tão importante quanto a presença off-line. Quanto ao atendimento nas lojas, o diretor da Expertise acredita que não precisa haver concorrência entre o ponto de venda físico e o e-commerce: eles podem se complementar. "Imagine uma livraria. No e-commerce, há um armazenamento do histórico de compras e, por isso, ele consegue sinalizar indicações de livros que um vendedor no PDV não consegue fazer."

Fonte: Diário Comércio e Indústria - DCI

 
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